terça-feira, 18 de outubro de 2011

Carta aberta ao torcedor alvirrubro

18 de Outubro de 2011 • 14h06

Por Berillo Albuquerque Júnior - Foto: Elcio Mendonça/Agência Náutico

Caro, torcedor alvirrubro

Escrevo sobre uma paixão arrebatadora e monogâmica.

Na alegria e na tristeza.

Na pobreza e na riqueza.

A paixão pelo Clube Náutico Capibaribe até que a morte nos separe.

Escrevo sobre um nobre sentimento.

O afeto que não se encerra porque se contenta em dar sem a contrapartida do receber.

Foram estas emoções que me levaram a assumir a presidência do Náutico para o biênio 2010/2011.

O coração mandou e a razão obedeceu.

Todos conhecem as dificuldades que, juntos, enfrentamos. Desnecessário relatar. Mas é preciso compreendê-las.

Com efeito, o gestor de uma entidade que tem no futebol sua atividade principal se depara diariamente com pressões conflitantes e dilemas reais.

Urgências e importâncias se confundem.

O imediato e o estratégico são exigências equivalentes ainda que em dimensão temporal absolutamente distinta.

O desejo de vencer nas competições colide com a escassez extrema de recursos.

A força da tradição é um apelo de raízes locais e o poder inovador do negócio do futebol é um imperativo da modernização global, vetores cujo equilíbrio é um desafio permanente.

Pois bem, a assinatura do contrato entre o Clube Náutico Capibaribe e o Consórcio Arena Pernambuco é prova cabal de que é possível dar respostas efetivas e rumo certo à natureza paradoxal, conflitante, da gestão da economia do futebol. E este é o primeiro passo.

E como foi isto possível?

Devo ressaltar, em primeiro lugar, a visão futurista do Governador Eduardo Campos.

Pernambuco não constrói, apenas, uma arena multiuso adequada às exigências da indústria do entretenimento.

Vai muito além. Constrói a Cidade da Copa, consolida a nucleação oeste da região metropolitana, sonho dos planejadores da década de 70 e, desta forma, cria mais um polo de desenvolvimento econômico a exemplo do que já acontece ao sul, com Suape e, ao norte com os investimentos previstos para a cidade de Goiana.

Em segundo lugar, afirmo que, da parte do Clube Náutico Capibaribe, nada seria possível não fosse o compromisso solidário de um trabalho de equipe.

Compromisso solidário que se fez presente em todos os dias e em relação a todas as questões que dizem respeito à complexa gestão do clube.
Das mais prosaicas às mais estratégicas.

Contei, sempre, com o trabalho abnegado, inteligente, sensato, anônimo, de grandes alvirrubros, imunes ao veneno das vaidades pessoais e movidos, tão somente, pelo desejo de servir à instituição.

Reitero: trabalho de equipe e esforço coletivo que, a rigor, dispensariam referências pessoais.

Não receio, porém, descumprir a regra.

Ao mencionar nominalmente os que estiveram à frente da negociação com os competentes representantes do consórcio, farei justiça a todos que, mesmo sem participação formal, deram suporte ao trabalho.

Refiro-me ao coordenador do grupo, Conselheiro Sergio Aquino, que, com firmeza, sabedoria e o apoio fundamental do Vice-Presidente Paulo Wanderley e os conselheiros Eduardo Turton, Ivan Rocha, Renato Cunha Lima, levaram a bom termo as negociações.

Um agradecimento especial ao Presidente do Conselho, Deputado e, hoje, Secretário Municipal de Turismo, André Campos, que conduziu os trabalhos no Conselho Deliberativo de forma irretocável, demonstrando, habilidade política e sensibilidade democrática, traços marcantes de sua respeitável trajetória política.

Quanto à compreensão, à maturidade e à responsabilidade dos conselheiros que abraçaram a proposta, mais que o agradecimento, manifesto meu orgulho de, ao lado deles, representar a comunidade alvirrubra.

Tenho consciência do significado deste fato para a história centenária do Náutico.

O dia 17 de outubro de 2011 dirá aos nossos ancestrais que está preservado o legado que nos foi entregue.

Estamos dizendo, também, às gerações presentes que o Náutico ingressa na moderna economia do futebol e do entretenimento, parceiro/empreendedor que se torna ao oferecer o patrimônio imaterial da marca/imagem e o patrimônio material da massa fidelíssima do torcedor/consumidor como garantias fundamentais para o êxito do projeto Arena multiuso de Pernambuco.

Estamos oferecendo aos nossos descendentes a esperança de que o Náutico tenha um encontro marcado com um futuro de conquistas.

Neste momento, tudo seria motivo de alegria. Inclusive, não resisto confessar, a felicidade de presidir o clube neste momento, uma graça de Deus concedida a um torcedor, desde menino, de vida modesta, vivendo os encantos suburbanos do bairro da Torre.

No entanto, a maior alegria é constatar a confluência de interesses do governo e do Náutico na direção do interesse público, da grandeza de Pernambuco que, como sempre, dará respostas adequadas ao compromisso assumido pelo Brasil de sediar o maior evento futebolístico do mundo: a Copa de 2014.

Finalmente tudo seria alegria, se o coração encarnado e branco não estivesse partido.

Entre os sentimentos de gratidão pelo que foi feito como obra coletiva e o de esperança pelo muito que pode ser feito, não dá para esconder as dores da separação.

Carregaremos para sempre um mundo de lembranças no tempo da memória que atenderá pelas sete letras de três palavras a partir de agora inseparáveis: NÁUTICO/AFLITOS/SAUDADE.

Atenciosamente,

Berillo Albuquerque Júnior
Presidente

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